As autoridades espanholas prenderam Álvaro Romillo, um influenciador de criptomoedas conhecido online como “Cryptospain”, por seu suposto papel em um esquema Ponzi de € 260 milhões vinculado ao Madeira Invest Club (MIC). A operação, ativa desde o início de 2023, teve como alvo milhares de investidores em vários países por meio de promessas de retornos garantidos de alto rendimento.

 

 

A Guardia Civil coordenou a prisão com agências internacionais, descrevendo o esquema como uma das maiores fraudes relacionadas a criptomoedas descobertas na Espanha. De acordo com o Ministério do Interior, mais de 3.000 pessoas foram afetadas em todo o mundo, com vítimas em Portugal, Reino Unido, Albânia, República Dominicana, EUA, Malásia, Bélgica, Tailândia e Hong Kong.

O Madeira Invest Club apresentou-se como um consórcio de investimento privado que oferece oportunidades em ativos de luxo, como imóveis, veículos, iates, uísque, ouro e criptomoedas. Os materiais de marketing prometiam retornos anuais fixos de até 20% e recompras seguradas, retratando o clube como um veículo legítimo para investidores de alto patrimônio líquido.

Os investigadores descobriram, no entanto, que não havia atividade comercial subjacente para apoiar essas alegações. Em vez disso, a organização supostamente usou fundos de novos investidores para pagar os participantes existentes, uma estrutura típica das operações Ponzi. Autoridades espanholas disseram que a configuração gerou publicidade significativa por meio de promoções de mídia social lideradas por Romillo, cuja persona online emprestou credibilidade à empresa.

As autoridades iniciaram a investigação há mais de um ano, depois que três queixas formais foram apresentadas no tribunal. Durante o inquérito, a polícia apreendeu 24 carros de luxo, incluindo Ferraris, Jaguars e Porsches, que se acredita terem sido comprados com dinheiro de investidores. A Guardia Civil disse que os ativos confiscados fazem parte de uma investigação mais ampla de lavagem de dinheiro conectada a várias jurisdições.

Romillo foi detido sem fiança após uma audiência no tribunal em Madri, com os promotores citando risco de fuga e possível interferência nas evidências. Ele permanece sob custódia enquanto os processos judiciais continuam. O Ministério do Interior espanhol afirmou que prisões adicionais podem ocorrer à medida que os investigadores rastreiam o fluxo de fundos através de entidades offshore e carteiras de criptomoedas.

Preocupação crescente com golpes liderados por influenciadores

O caso destaca o crescente escrutínio de figuras de mídia social que promovem produtos de investimento sem a devida divulgação. Muitos influenciadores de criptomoedas construíram grandes audiências anunciando oportunidades de ativos digitais, muitas vezes sem supervisão regulatória. Analistas de crimes cibernéticos dizem que tais endossos podem criar falsa confiança entre investidores de varejo não familiarizados com os padrões de conformidade financeira.

No início deste ano, uma investigação da Cybernews revelou que mais de 200 contas de criptomoedas promoveram esquemas de investimento sem identificar patrocínio ou verificar reivindicações. Desde então, os reguladores financeiros em toda a Europa pediram às plataformas que apliquem uma transparência mais rígida da publicidade, alertando que as promoções não verificadas continuam sendo um vetor de risco significativo para fraudes.

Especialistas observam que a última ação de fiscalização da Espanha se alinha com uma tendência mais ampla de autoridades tomarem medidas mais fortes contra crimes financeiros vinculados a criptomoedas. Processos semelhantes na França, Itália e Reino Unido envolveram personalidades online acusadas de enganar investidores por meio de táticas de marketing de alto rendimento. O regulamento Markets in Crypto-Assets (MiCA) da União Europeia, que deve entrar em vigor em 2026, visa preencher essas lacunas, estabelecendo padrões para divulgação e proteção ao investidor.

As autoridades policiais enfatizaram que as perspectivas de recuperação para as vítimas permanecem incertas. Muitos ativos foram convertidos em moedas digitais e transferidos por meio de carteiras em camadas, complicando os esforços de rastreamento. As autoridades estão trabalhando com empresas de análise de blockchain para identificar e congelar contas associadas.

A Guardia Civil instou os indivíduos afetados a registrar reclamações e cooperar com os investigadores. “Nossa prioridade é recuperar o máximo possível do capital investido e evitar que esquemas semelhantes tenham como alvo mais vítimas”, disse um porta-voz.

Espera-se que a investigação em andamento revele mais detalhes sobre como o Madeira Invest Club operava em várias jurisdições e alavancava criptoativos para obscurecer os fluxos financeiros.

Deixar uma resposta